Esse artigo é baseado no livro "Eletrônica de Videogames - Teoria, programação e manutenção", do autor Maurício Caruzo Reis, de 1986, e aqui irei transcrever a seção "Introdução" (páginas 9 - 11) com modificações somente quando for necessário para um melhor entendimento ou para correções de palavras que estão em desuso ou que sofreram modificações na gramática corrente. Também deixarei o tempo verbal da época do livro, por isso não estranhe um "o Atari é fabricado no Brasil pela POLYVOX". Deste modo o autor inicia assim o seu livro:
Durante umas três décadas o receptor de televisão ficou na sala de estar unicamente para os programas transmitidos por umas poucas emissoras. Educadores, psicólogos, sociólogos, políticos, pessoal que habitualmente diverge em todos os assuntos, concordavam num ponto: a televisão era um grande mal social. Uma das bases deste julgamento consistia na passividade propiciada por ela, milhões de pessoas aceitando passivamente o que lhes era "empurrado".
"Videogames usam código de máquina - uma linguagem complexa que exige conhecimentos técnicos de eletrônica e informática."
A invenção dos microcomputadores no começo da década de 1970 trouxe consigo a primeira alteração nesse estado de coisas, já que punha a disposição dos usuários os meios concretos, facilmente acessíveis (financeira e tecnicamente), para interagir com o televisor. Além do mais levou a criação e aperfeiçoamento de grande número de dispositivos eletrônicos dedicados ao vídeo.
Surge então o videogame, filho mestiço da televisão com o microcomputador. Na verdade, um microcomputador especializado em jogos para vídeo. Para muitos, inclusive técnicos, esta é a primeira surpresa: constatar que no console daquela aparelho usado como brincadeira até por crianças existe um computador completo, com todos seus estágios.
A diferença entre microcomputadores e videogames pode ser resumida em três pontos:
- Videogames tem memórias reduzidas (geralmente 2.000 posições, contra umas 64.000 dos microcomputadores).
- Em microcomputadores o usuário pode entrar com programas através do teclado, utilizando linguagens de alto nível (BASIC, PASCAL, COBOL, etc) - que são fáceis e acessíveis até para pessoas não especializadas; em videogames os programas são introduzidos através de memórias gravadas em cartuchos (definido no livro como "fábricas"), usando código de máquina - uma linguagem complexa que exige conhecimentos técnicos de eletrônica e informática.
- Todo circuito de videogame é centralizado para entrada de joystick e saída de vídeo, enquanto microcomputadores podem interagir com um universo de periféricos além desses (impressora, cassete, etc.).
Apesar das diferenças citadas, a semelhança entre micros e videogames é patente. Quem já conhece os princípios de funcionamento de um terá enorme facilidade de familiarizar-se com o outro. Isso vale inclusive para técnicas e instrumentos de conserto. De resto, já existem em São Paulo oficinas especializadas na conversão de videogames em microcomputador.
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Magnavox Odissey |
O Atari é o mais famoso dos videogames, sendo modelo para um sem número de cópias, imitações e versões. Foi lançado nos Estados Unidos em 1977 e é fabricado no Brasil pela POLYVOX (GRADIENTE) sob licença. O Odissey leva o nome PHILIPS, cuja marca é garantia de sucesso no mundo inteiro. Esses dois videogames dominam o mercado, e certamente quem os conhecer bem terá amplas condições de entender, manipular e consertar outros.